REBELIÃO -
O CORO DE TODOS OS SANTOS
O espetáculo “Rebelião – O Coro de Todos os Santos” é o segundo espetáculo autoral do projeto “A Gente Submersa”, contemplado pela Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Cumpriu temporada inicial de 4 meses, com lotação esgotada, de 24.02 a 24/06/2018.
O espetáculo foi remontado e apresentado em novembro de 2019 dentro do projeto de repertório do grupo composto também dos espetáculos “São Paulo Surrealista”, “O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica”, “O Santo Dialético” e “A Gente Submersa”.
Sinopse
No enredo, Artura, Cacimba e Jí saem do interior do país com o intuito de salvar o Brasil, devolvendo para Portugal símbolos da colonização. Para cumprirem a missão eles enfrentam os terríveis Arranca-línguas, figuras míticas que encontram durante a viagem.
“Rebelião – O Coro de Todos os Santos” é a segunda peça autoral do projeto A Gente Submersa, trabalho de pesquisa do grupo sobre heranças e descaracterização da cultura e da sabedoria popular pelo esquecimento das raízes que moldaram o brasileiro. A montagem segue no caminho da cultura brasileira. Trata da manifestação popular como revide contra seu apagamento, como arma de guerra no combate à intolerância religiosa, à infantilização cultural produzida atualmente e às ingenuidades que aceitam lutas separadas e compartimentadas na sociedade moderna.
Com música executada ao vivo - entre temas inéditos compostos especialmente para o espetáculo e peças de compositores esquecidos do Séc. XVIII - a peça traz elementos da cultura popular traduzidos de forma livre, de forma surrealista ou carnavalesca, explorando a dialética nos motivos religiosos ou sociais que controlam a razão do cidadão brasileiro contemporâneo.
A caminhada de Artura e Cacimba é um levante com destino certo: o ponto exato onde pretendem devolver, para reparo na Europa, um objeto da época da colonização portuguesa que, apesar da boa intenção, trouxe desgraça ao ser usado com maus propósitos.
Acompanhadas por Ji, uma corcunda que carrega o tal objeto como um estandarte, elas pretendem formar um “exército de fodidos” (pessoas excluídas da sociedade) para enfrentar os misteriosos Arranca-línguas, criaturas que propagam a miséria social e humana por meio do controle da liberdade dos viventes.
Nesse tumultuado caminho encontram João Batista, um ex-pescador sádico e assassino de Arranca-línguas . Eles começam, então, a entender a extensão das barreiras, a violência que precisam enfrentar para criar um mundo livre e delicado, para chegar ao recomeço do Brasil. Juntam-se ao “exército” um índio filósofo e alcoólatra, um açougueiro negro monossilábico e uma dançarina de prostíbulo que teve o filho morto pelos inimigos dos combatentes.
A cruzada de Artura, que está grávida do boto, e de sua fiel companheira Cacimba remonta à jornada de Dom Quixote. O toque surrealista é um artifício usado pela direção para jogar com a própria existência moderna. Figura extraída do folclore, o Arranca-línguas pode se materializar em forma de pastores alemães (cães ou pregadores?), de lixo cultural, de machismo, de intolerância religiosa e social; de tudo que cerceia a livre expressão das pessoas.